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THE BREAKER – Little Big Town


Little Big Town, sinónimo de pura melodia, acústica exuberante e harmonia entusiasta, características musicais simples – difíceis de criar ou alcançar – correspondentes ao estilo de som despretensioso, quase de cariz artesanal, pautado pelo equilíbrio e polivalência rítmica, atributos que transformam o cantar em autêntico carrossel existencial, animado pela dinâmica intrínseca à lucidez dos acordes, ao movimento e reciprocidade transmitidos nas vozes, pelo pulsar vitalista da percussão a par da vibração anímica do contrabaixo, pela prosa espontânea e nostálgica sugerida no tom das guitarras.


As interpretações rubricadas por Little Big Town (LBT) sublimam a vida, imprimem motivações ao quotidiano, glorificam as perceções afetivas, aprimoram a inteligência emocional, divertem ou aconchegam os sentidos, apelam à genuinidade das amizades e, sobretudo, à candura dos relacionamentos amorosos, valências antropológicas na forma de canções que sustentam a asserção: no mundo da "aldeia global", faz sentido ouvir um pouco de Música Country
O efeito e envolvência das músicas de LBT representam belos interlúdios, aptos a espairecer da claustrofobia digital e tecnológica, alargar horizontes, repudiar a toada hardcore da pop culture, negar a decadência dos reality shows, quebrar o galho aos twitts, cultivar o regozijo e feedback implícito no "Olá !", no aceno, no soslaio, no piscar de olho, intuir o prazer de um aperto de mão, deixar as apps, usar a cabeça, brincar com o pensamento, ousar conversar, rir e fruir das palavras, partilhar ideias e emoções, demonstrar atitudes, sentir e viver!

The Breaker – 8.º álbum de estúdio, lançado em 24 de fevereiro – materializa a versão mais recente das tendências, perceções e representações culturais protagonizadas por LBT, quarteto Country galardoado, originário do Alabama, criado em 1998, prestes a completar 20 anos de carreira, composto pelos artistas Karen Fairchild – destaco o gosto pessoal pelo figurino elegante e “modelitos” –, Jimi Westbrook, Kimberly Schlapman e Philip Sweet. 
O trabalho discográfico distancia-se das sonoridades da Pop, e regressa às origens Country, que notabilizaram o grupo, catalisadoras do ambiente colorido, ontologia forte e positiva. Mais. Tal demanda conglomera-se com a parceria de outros artistas Country – que assumem o gosto pelo efeito harmonioso das músicas de LBT –, no âmbito da composição das melodias e letras das canções: a mais sonante, Taylor Swift, através do single Better Man

The Breaker personifica o insight e reforço positivo de quem reflete, busca compreender e exteriorizar a sua personalidade, bem como comunicar, conhecer e descobrir o outro, em razão de a musicalidade e metáforas conferirem prioridade às experiências vivenciais, ou promoverem a autonomia e individuação.
Tal conceito pode afigurar-se algo estranho ou fora de moda para faixas etárias mais juvenis, mas dota-se de fruição, appeal e sentido para gerações amadurecidas – trintões e quarentões em diante –, menos fascinadas pelo impulso do momento, mais focadas na qualidade vivencial e experiências acumuladas.

CA

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